Francisco M. Galope

Grande parte da minha vida, enquanto jornalista, habituei-me a escutar histórias, a observar o que se revela nas entrelinhas, a procurar sentido nas palavras e, sobretudo, nos silêncios entre elas. Quando, no início do século, comecei a enveredar por uma atividade paralela àquilo a que Fernando Assis Pacheco chamou “a profissão dominante”, nas terapias naturais, essa escuta alargou-se ao corpo, à respiração, ao que não se diz, e também ao que se sente. Todos os silêncios dos interstícios, toda a quietude passou a fazer ainda mais sentido.

O cuidado, a presença e a escuta, agora mais com as mãos como extensões do coração, ganharam outras formas.
Acompanho pessoas em processos de reencontro e equilíbrio, através de uma abordagem integrativa que reúne técnicas como o shiatsu, a hipnose terapêutica e a aromaterapia. O toque terapêutico pode alcançar as feridas emocionais mais profundas. Quando perscrutamos os silêncios e respeitamos o ritmo de cada um, criamos lugares seguros onde o corpo se permite lembrar daquilo que a mente consciente pensa ter desaprendido, voltando a ganhar confiança.

Acredito profundamente que o equilíbrio, a saúde e bem-estar não são um destino, mas um movimento contínuo de regresso a casa: ao corpo, ao sentir, ao essencial.