O calor curativo e a arte delicada da moxabustão japonesa
No vasto universo das terapias orientais que despertam a capacidade natural de cura do ser humano, a Moxabustão Japonesa (Kyu), em especial a técnica conhecida como Okyu, destaca-se pela sua subtileza, precisão e profundo respeito pela energia vital.
Baseada na utilização controlada do calor, a Moxabustão é uma arte terapêutica que aquece pontos específicos dos meridianos energéticos, promovendo a harmonização do Ki (energia vital) e estimulando os mecanismos naturais de autorregeneração.
Ao contrário da abordagem mais intensa da Moxabustão tradicional chinesa, a técnica Okyu caracteriza-se pela sua delicadeza e mestria, porque se trabalha com minúsculos cones de moxa (uma “lã” obtida a partir da planta Artemisia argyi, especialmente preparada). Os cones são do tamanho de um grão de arroz, de meio grão de arroz ou de uma semente de sésamo.
Estes pequenos cones são cuidadosamente colocados em aplicação direta sobre a pele. A ignição da moxa é feita com o auxílio de uma varinha de incenso, que permite acender o cone de moxa com precisão e sem agressividade. A combustão produz um calor subtil e profundamente curativo.
O terapeuta acompanha atentamente a combustão e o calor gerado, abafando, no momento certo, delicadamente o cone entre o seu polegar e indicador. Garante-se, desse modo, que a sensação é sempre confortável e segura. Este controlo minucioso afasta qualquer ideia de queimadura: o calor gerado é apenas o suficiente para estimular suavemente os tecidos e a energia.
Outra técnica, denominada Chinetsukyu, consiste na aplicação de cones maiores, que são retirados quando arderam até metade.
Ainda que algumas escolas mais tradicionais recomendem que a moxa deve arder até ao fim. Atualmente, essa prática caiu em desuso. É que o efeito terapêutico também se obtém através de um estímulo mais brando, sem queimar o paciente.
Okyu e Chinetsukyu são apenas duas técnicas de uma arte terapêutica mais vasta. Basicamente, existem dois métodos de aplicação da Moxabustão.
- Aplicação direta: nesta, a moxa é, como vimos, posicionada em contacto ligeiro com a pele e é acesa para gerar calor controlado. O Okyu é o exemplo mais sublime desta prática.
- Aplicação indireta: neste caso utiliza-se uma base protetora sobre a qual se aplica o cone. Pode ser uma fina fatia de gengibre, alho, sal ou um papel especial. A base, além de proteger a pele, permite que o calor se transmita de forma ainda mais subtil e difusa. Também são usados os bastões (ou charutos) de moxa com os quais muitos ocidentais já estão familiarizados.
O propósito do Okyu não é provocar dor nem queimaduras, mas sim despertar, através do calor subtil, a energia vital adormecida, reforçando a circulação, revitalizando zonas de fraqueza e dissolvendo bloqueios energéticos.
Apesar da sua aparente simplicidade e delicadeza, esta prática tem efeitos profundos: fortalece o sistema imunitário, regula o sistema digestivo, alivia dores crónicas, combate a fadiga profunda e promove um estado de equilíbrio e vitalidade.
Okyu é, acima de tudo, um ato de cuidado consciente e de profundo respeito pela vida: através de pequenos gestos e calor controlado, desperta-se, com sabedoria e harmonia, a força silenciosa da autocura.
Perguntas frequentes
O que é a moxabustão japonesa (Kyu)?
Okyu é uma prática terapêutica japonesa que consiste na aplicação de calor controlado em pontos específicos do corpo, utilizando pequenos cones ou grãos de moxa, feitos da “lã” da planta Artemísia. Este calor subtil estimula o fluxo de energia vital e promove o processo natural de cura.
Qual é a diferença entre a moxabustão japonesa e a chinesa?
A “lã” de Artemísia (moxa) utilizada nas técnicas japonesas diferencia-se da chinesa pelo maior refinamento.
As folhas de Artemisia argyi são envelhecidas durante anos e peneiradas até se obter uma fibra ultra-fina e altamente purificada, que queima de forma limpa e precisa.
Quanto às técnicas, as japonesas priorizam a subtileza como pequenos cones (Okyu) para aplicação milimétrica, ao passo que as chinesas, utilizando fibras menos processadas, em cones maiores e bastões, têm uma abordagem mais robusta.
Além disso, a japonesa produz menos fumo e odor, sendo ideal para tratamentos delicados, enquanto a chinesa oferece calor mais intenso e abrangente. Ambas são eficazes.
O calor da moxa direta é doloroso ou pode causar queimaduras?
Não. A moxa é acesa com uma varinha de incenso e apagada com os dedos do terapeuta no momento adequado, garantindo uma sensação de calor confortável e segura, sem risco de queimaduras.
Em que situações é indicada a moxabustão?
O Okyu é indicado para fortalecer a imunidade, aliviar dores musculares e articulares, tratar distúrbios digestivos, melhorar estados de fadiga crónica, apoiar processos de fertilidade e reequilibrar distúrbios emocionais como a ansiedade e a exaustão.
Pode a moxabustão ser combinada com outras terapias?
Sim. A moxabustão japonesa integra-se muito bem com Shiatsu, Acupunctura, Aromaterapia e Reiki, ampliando os efeitos terapêuticos e promovendo um equilíbrio energético mais profundo e harmonioso.