Numa montanha isolada, longe do ritmo agitado da aldeia, refugiou-se um jovem monge em busca de paz interior. Todos os dias, subia a um rochedo, ansioso por acalmar a mente e mergulhar na serenidade da meditação. No entanto, sempre que se sentava, os gritos estridentes dos pássaros nos ramos próximos interrompiam-no. As aves rodeavam-no, enchendo o ar com clamores incessantes, que dilaceravam o silêncio tão desejado.
Frustrado, o monge sentia que a paz que procurava estava ao seu alcance, mas parecia escapar-lhe sempre que se aproximava dela. Irritado, desceu ao templo e desabafou com o mestre: “Como posso meditar se os pássaros não me deixam em paz? Se pudesse afastar-me deles, talvez encontrasse o silêncio que procuro.”
O mestre ouviu-o com atenção e, num tom sereno, respondeu com um sorriso compassivo: “A paz que procuras não está apenas no silêncio externo, mas sim dentro de ti. Se não a conseguires encontrar aqui, com os pássaros ao redor, não a encontrarás em lugar algum.”
Pensativo, o jovem monge voltou à montanha. Sentou-se novamente e, em vez de rejeitar o canto das aves, tentou acolhê-lo como parte da sua prática. Fechou os olhos e deixou que o som se misturasse com a sua respiração, como se os gritos fossem o vento ou a corrente de um rio ao longe.
Dia após dia, sentava-se ali, aceitando os sons da natureza. Gradualmente, os pássaros começaram a parecer mais distantes, menos barulhentos. Até que, um dia, o jovem monge percebeu que os gritos já não o incomodavam. Eram apenas sons naturais, tão presentes e inofensivos como o próprio batimento do seu coração.
Foi então que compreendeu as palavras do mestre: a paz que procurava nunca fora suprimida pelo mundo ao seu redor; era ele próprio, com os seus desejos e inquietações, que a bloqueava dentro de si.
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