Este pequeno excerto que aqui apresento não é apenas uma das pedras basilares do taoismo. É um fundamento de toda a sabedoria humana. É apenas um pequeno excerto de um dos mais maravilhosos livros de sempre, o Dao De Jing – O Livro da Via e do Poder de Lao Zi, (o mesmo título e autor também são transcritos no Ocidente como Tao Te Ching, de Lao Tzu, ou Lao Tse). O trecho que partilho, retirei da versão bilingue português-chinês, editada, em 2004 pelas Publicações Europa-América. A tradução direta do chinês e os comentários são da autoria da sinóloga Cláudia Ribeiro. Quanto a mim, trata-se de uma mas mais rigorosas traduções da obra para uma língua ocidental. Registo na Biblioteca Nacional.
O Dao gerou o Um.
O Um gerou o Dois.
O Dois gerou o Três.
O três gerou os Dez Mil Seres (85).
Os Dez Mil Seres
Carregam às costas o Yin
e levam ao colo o Yang (86).
O Sopro (87)(qi) inundante harmoniza-os.
O que aos homens repugna
é o desamparado, o insignificante e o sem préstimo,
mas reis e duques
a si mesmos assim se designam.
Assim,
as coisas diminuindo-se, aumentam
e aumentando-se diminuem.
O que os homens ensinam também eu ensino:
«o homem violento não morre de morte natural.» (88)
Será este o ponto de partida dos meus ensinamentos.
Notas:
(85) Um = o Tai-ji (Cume Supremo), origem do Universo prestes a cindir-se no Dois = par Yin e Yang; três = o Yin, o Yang unificados pelo qi, o Sopro. Dessa União nascem os seres. Sobre o Sopro ver nota 87.
(86) Yin – o que é sombrio, passivo, retrogressivo, retractivo, receptivo, frio, água, lua, desaparecimento e morte; Yang – o que é luminoso, activo, progressivo, expansivo, dador, calor, fogo, sol, nascimento e vida. São «sopros» relativos e relacionais, não existem a não ser um com o outro, combinam-se, entrecruzam-se em todas as coisas, num dinamismo de atracção e rejeição, de equilíbrio e tensão. O Yang ou Yin absolutos não existem; o estado paroxístico do Yin coincide com o retorno do Yang e vice-versa (cf. Capítulo 21)
(87) O Sopro (qi) é o dinamismo vital do mundo, na sua constante regeneração e transformação. Tudo quanto existe é o sopro particularizando-se em formas concretas. É a sua potência transformadora, a energia que as anima e que permanece para lá da sua duração sob essas formas determinadas.
(88) A acção, e ainda mais a acção violenta, provoca retribuições (cf. Capítulos 30 e 74)
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